Guerra de estrelas titânicas é fotografada pela NASA

Estrela Eta Carinae.
(Foto: Nathan Smith (University of California, Berkeley), and NASA)
Que a história da humanidade seja marcada pela guerra e a disputa por terras, dá até para aceitar. Era de se esperar, porém, que as estrelas não perdessem tempo "pegando em armas" com tanto vácuo disponível por aí.

Pena que isso é só ilusão mesmo. As duas imensas estrelas que formam o sistema Eta Carinae, na constelação de Quilha, passam um pouquinho perto demais uma da outra em sua trajetória pelo espaço. Tão perto que, na prática, elas formam uma única turbulenta mancha luminosa de 1,8 unidades astronômicas (UA) de diâmetro. Ou seja, quase duas vezes a distância entre a Terra e o Sol. Considere a luz - que, claramente, viaja na velocidade da luz -, demora oito minutos para percorrer essa distância, e você perceberá que Eta Carinae é muito, muito grande. Uma briga de gigantes, cujo núcleo acaba de ser fotografado pela equipe de Gerd Weigelt do Instituto Max Planck de Radioastronomia. Os resultados do clique intergaláctico foram publicados no periódico Astronomy and Astrophysics, e ajudam a revelar o motivo da briga.

-Top 10 melhores imagens tiradas pelo Hubble

Simulação do choque dos ventos solares feita pela NASA.
(Foto: NASA)
Eta Carinae B, caçula da dupla, é "apenas" 1 milhão de vezes mais brilhante que o Sol, e trinta vezes mais massiva. Eta Carinae A, por sua vez, é quase 5 milhões de vezes mais brilhante que a nossa estrela, e possui 90 vezes mais massa. No ponto mais próximo de suas órbitas, chamado no jargão astronômico de periastro, elas passam a uma distância equivalente ao vão entre Marte e o Sol. Muito pouco para dois corpos tão imensos. Para piorar a situação, isso acontece a cada 5 anos.

Você deve se lembrar dos ventos solares. Essas ondas de partículas carregadas são liberadas em doses muito maiores por estrelas tão grandes. Quando as duas chegam perto uma da outra, o choque entre as duas marés de íons gera temperaturas superiores a 50 milhões de graus Celsius. O desenho que esses ventos formam após o choque dão a Eta Carinae a aparência de ampulheta que você vê na imagem que abriu a nota, feita pelo Telescópio Espacial Hubble.


A teoria dos ventos solares já estava no ar há algum tempo, e a imagem que a confirmou não é tão clara para um leigo quanto a feita pelo observatório espacial da NASA em 1996, há vinte anos. Ela foi feita pelo interferômetro do Very Large Telescope (VLT), no Observatório Europeu do Sul (ESO), que fica no Chile, em 2014, e agora sua análise entregou as respostas necessárias.

Vento solar do sistema Eta Carinae fotografado pela ESO.
Esse "quase encontro" das duas estrelas é instável, e o brilho do sistema muda muito rápido, uma explosão de poeira e gás estelares que ocorreu em 1843 formou em torno do sistema uma nuvem 400 vezes maior que o Sistema Solar - um tipo rotineiro de reviravolta por lá.

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